quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Sim, eu já fui discriminada em sala de aula.

Esse ano nas aula de Biologia o professor constantemente usava o termo "Matricular o Robinho na natação" para se referir a defecar, ouvi isso atônita e questionei se ele não pensava que a tal "brincadeira" não era extremamente racista e desrespeitosa, o ano seguiu e alguns meses depois, em uma aula de matemática onde vários alunos faziam perguntas (que eram respondidas normalmente) tentei tirar uma dúvida, nesse momento o professor olhou para o meu cabelo (dreadlocks) e me causando um constrangimento sem tamanho devolveu uma outra pergunta: O que você fumou ?


Chegando ao fim do ano, pensei que as amostras grátis de desrespeito haviam terminado, mas infelizmente, me enganei. Na Semana da Conciência Negra, tendo aula de uma disciplina chamada de Atualidades, o professor iniciou o conteúdo sobre o continente Africano, começou citando o Tratado de Berlim e se preocupou em frisar que a África sempre foi explorada, ceifando a história do continente que não se resume aos anos de colonização e muito menos aos 125 anos do Tratado, usou o termo Tribos pra se referir aos milhares e até mesmo milhões de pessoas que compõem diversos grupos étnicos africanos e pra encerrar o desfile de horror usou o termo "Continente Prostituta" para se referir à África.
Sou uma jovem negra de 18 anos e tenho consciência de onde vieram os meus ancestrais e do que eles passaram pra que eu pudesse estar viva hoje, tenho noção de que estudo numa escola que tem como foco preparar os alunos para o vestibular, mas não vejo a necessidade da utilização desse tipo de termo durante as aulas e principalmente, acho que nenhum aluno vai responder a uma questão no vestibular se referiando ao continente Africano como "Prostituta".


Até agora estou atônita com a total falta de respeito ao continente, ao povo que foi e é massacrado e pricipalmente a falta de respeito com os filhos de África que estavam presentes na sala.

Um comentário:

  1. Muito boas observações Nalui, registre estas ocorrências, talvez valha a pena o nome da escola. ´Sua postura é a da cidadã vigilante, isto é, vigilância democrática, respeito ao outro. e num país em que metade da população e assumidamente preta/parda. Precisamos mudar isso...

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